segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Tempos sombrios

Companheiros,

Tempos sombrios. Talvez outro título não pudesse traduzir, de forma tão clara e inequívoca, a perspectiva que temos nesse fim de ano. Parodiando a famosa obra de Arendt, fundamental para quem se interessa pela política, diria que os que pensam hoje o eBrasil estão na condição de homens em tempos sombrios. O “império”, invenção política desses tempos, ruiu como um castelo de cartas. Nosso poder dissuasório esvaiu-se, como fumo no ar. Nos apequenamos nesses dias tristes. E sombrios.

Agora, como disse o Goebbels no fim da II Guerra, enquanto as tropas soviéticas esmigalhavam o sonho de um Reich de mil anos, só resta “oferecer o peito nu à força da tempestade”. E a tempestade já se desenha num horizonte próximo. Nada mais nem menos wagneriano. Tempos sombrios...
obrazek

A mídia ebrasileira, salvo uma ou outra exceção, apenas reproduz um suposto discurso “oficial”. Convencionou-se que não se deve expor as entranhas aqui no espaço do eRepublik, pois afetaria o planejamento (que planejamento?), as estratégias (que estratégias?) e a explosão demográfica do país... Quem discorda é taxado, inadvertidamente, de “anti-Brasil”, de derrotista. Estranho. Para mim derrotista é quem cria condições para a derrota, não quem busca entender as causas da derrota. Tempos sombrios, onde as discussões fogem da pauta dos jornais para os cantos e vielas. Quem tem ouvidos que ouça, já dizia o Galileu.

O brilhante jornalista Asimov, em recente artigo, diz que “queimamos bodes em praça pública”. Talvez. Os “bodes” serão queimados até que se eleja alguém para encarnar a função do bode-mor, o da expiação. E tudo será esquecido. E nada será lembrado. Não temos memória. Triste o povo que não tem memória: sempre marionetes na mão dos títeres e dos “gênios da raça”. Tempos sombrios...
obrazek

Dia desses cobrou-se transparência. A resposta, um acinte: a prestação de contas do governo do Olem. Observe: uma coisa não tem ligação alguma com outra, mas sempre que se pede explicações, pede-se explicações para esse ecidadão, que governou meses atrás e foi apeado do poder num golpe branco vergonhoso, esse sim, no meu entender, uma macula na História Política do eBrasil. Se o Nosrial não existisse, teria de ser inventado por determinados grupos. Sem o bode Nosrial, estariam mais sozinhos que um Robison Crusoé sem Sexta-Feira, que um “Claudinho sem buchecha”...

Nesses tempos sombrios, temos que acender lanternas. Talvez como as de Diógenes, que morava numa barrica e vagava por Atenas em busca de um homem honesto. Um único que fosse e a humanidade estaria salva. Seu legado, a filosofia cínica, perdeu o significado na poeira do tempo. Na época, cínicos eram os que ladravam, como os cães da rua, contra as mazelas e os desgovernos de então. A raiz vem de cynos, cão. Hoje, o cinismo impera. Não o de Diógenes, que era um aríete contra os títeres de plantão, mas o cinismo contemporâneo... tristes e sombrios tempos.
obrazek

Um abraço aos que leram,

Mahdi Cleitus

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